O Senhor dos Anéis da Praça Sete

Praça Sete. O grande conjunto urbano que a envolve é constituído por um amplo conglomerado arquitetônico, por mercados de diferentes matizes e por pessoas. Mas a forma que preenche todo o espectro da capital se materializa através do nosso sistema perceptivo como um ser de valor nulo. Parece que a humanidade foi inflacionada e - seguindo a epistemologia do economista austríaco Carl Menger - perdeu a sua “utilidade marginal”.


Foto: Yann Santos

“O golpe apressado normalmente se perde.” (O Senhor dos Anéis)

Costumo observar pela janela do veículo o conturbado espaço urbano. Em meio ao caos nas vias públicas, formado pela pressa cotidiana, as pessoas não conseguem contemplar a arte que preenche os muros da cidade; a paisagem do horizonte, permeada por montanhas, nuvens e diferentes tons de azul; e o mais complexo produto da natureza: os seres humanos, que nesse contexto são apenas barreiras que impedem um deslocamento mais rápido pelo itinerário.

Pare. Estabeleça - que seja brevemente - um processo contemplativo acerca dos que coabitam o mundo com você. Siga - que seja brevemente - os ensinamentos de um dos maiores filósofos que já existiu. De acordo com Immanuel Kant, o Imperativo Categórico (exercício da empatia) deveria ser o princípio da conduta humana. Tenho certeza que histórias como a de Eliseu José da Silva - ou mais convencionalmente chamado de “Senhor dos Anéis” - vai alegrar o seu dia.


Foto: Yann Santos

Apelidado homonimamente pela obra de J. R. R. Tolkien, o Senhor dos Anéis fabrica e vende alianças no centro da capital mineira (isso justifica o apelido). Só na Praça Sete ele atua há 6 anos. Professor de história aposentado, Eliseu José da Silva também coleciona moedas e relíquias históricas. Seu acervo conta com moedas do império romano e do período monárquico do Brasil. Esse baú histórico é composto por 18 mil moedas e por 40 mil cédulas de papel. Fiquei impressionado. Não só por essa incrível coleção, mas pela confiança que o Senhor dos Anéis nutre pelo ser humano. Sua mercadoria, avaliada em 30 mil reais, é mantida com dois moradores de rua, que a preserva até o regresso da alvorada e do Senhor dos Anéis.

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